Conhecendo o funcionamento e os macetes dos sites de busca, você navega pela rede com mais precisão e pode ensinar aos alunos a peneirar as informações.
Quando você vai fazer uma pesquisa na biblioteca, tem na cabeça um tema e muitas perguntas. Para responder a todas elas, começa procurando uma boa bibliografia. Na internet é mais ou menos a mesma coisa. O que muda é a maneira de encontrar o que você precisa. Se não há livros numerados nas prateleiras, organizados por assunto ou autor, o jeito é saber como chegar às fontes de informação disponíveis na rede mundial de computadores. O canal são os diversos sites de busca grátis. Para usá-los bem, é preciso conhecer alguns recursos.
Se você quer encontrar resenhas de grandes romances brasileiros, por exemplo, não adianta pesquisar por romances. Além de o resultado ser amplo demais - retornam mais de 1,5 milhão de páginas -, a maioria dos sites é em inglês e muito deles têm mais relação com amor e sexo do que com Dom Casmurro, de Machado de Assis. É necessário peneirar os resultados. Primeiro, pesquisar apenas em páginas do Brasil. Só com essa estratégia, o universo da busca cai para 115 mil. Dá para ir além. Digitando romances Brasil resenhas (não é necessário usar "e"), a seleção fica em 3 mil páginas e já é possível encontrar bons textos. Sinais queindicam o caminho Alguns códigos são essenciais quando o foco da procura é alguém famoso ou algum termo com mais de um significado. Confira abaixo.
Aspas (" ") Ao procurar informações sobre um educador importante, como Paulo Freire, coloque o nome todo entre aspas. Assim, o mecanismo de pesquisa percorre a rede atrás de documentos que apresentem apenas as palavras Paulo e Freire juntas.
Subtração ( - ) Se o objetivo é encontrar dados sobre Fernando Henrique Cardoso (FHC) apenas como sociólogo, utilize o sinal de subtração (-). Entrando no Google (
www.google.com.br) com o nome completo entre aspas, o resultado traz 183 mil páginas. Nelas estão incluídas citações sobre o trabalho de FHC também como presidente da República. Escrevendo "Fernando Henrique Cardoso" -presidente, a pesquisa retorna 34 mil textos.
Adição (+) É possível refinar ainda mais a busca usando o sinal de adição (+). Ao digitar "Fernando Henrique Cardoso" -presidente+sociólogo, somente 534 páginas são encontradas. E a primeira da lista já aborda a atuação de FHC como sociólogo. Intitle Para buscar apenas sites que contenham a palavra requisitada no título, o código a ser usado é intitle (dar título, em inglês). Para pedir documentos com o termo tsunami, por exemplo, escreva intitle:tsunami. Dessa forma, serão selecionados apenas sites que sejam focados realmente nas ondas gigantes. Cuidado na análise do resultado Ao avaliar o resultado da pesquisa, considere o porquê de um site aparecer antes dos demais. "Nem sempre o primeiro endereço indicado é o mais interessante", explica Nelson Pretto, diretor da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia. Veja o que levar em conta na hora de optar pelas páginas que irá utilizar. Critério de exibição As ferramentas de busca vasculham a web em segundos e trazem a informação mais relevante segundo normas próprias. "Entre os mais de 100 critérios com pesos e análises diferentes, estão o número de vezes que cada link já foi clicado por outros internautas e a ocorrência da palavra no nome da página", explica o especialista Thiago Rodriguez, gerente de marketing do site BuscaPé. Há também fatores comerciais. "A maioria dos buscadores cobra para que um site apareça entre os primeiros dez resultados em casos de pesquisa por determinadas palavras", alerta Thiago. Data A data de publicação da página é outro dado importante se a procura for por notícias. Há risco de os sites exibirem informações desatualizadas. Assinatura Observando o endereço da página, é possível ter uma idéia da credibilidade do conteúdo. As extensões .gov (governamentais), .org (instituições sem fins lucrativos) e .edu (universidades, fora do Brasil) são mais indicadas. A extensão .com, que é a mais comum, abriga de tudo - muita bobagem, mas também sites de jornais e revistas. "É importante observar ainda quem é o responsável pela página. Para conhecê-lo, procure o link quem somos", afirma o jornalista Marcelo Soares, da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Diferentes jeitos de pesquisarOs consultores recomendam fazer a pesquisa em, no mínimo, três sites. De acordo com Nelson Pretto, a experiência fica ainda mais interessante quando um único tema é pesquisado de diferentes maneiras. É possível encontrar textos de natureza diversa sobre a morte da freira Dorothy Stang - ocorrida no Pará em fevereiro - modificando a forma de pesquisa. Veja os exemplos:
"Dorothy Stang" +blog +paraense -um dos primeiros resultados é um texto informal, cheio de adjetivos, de uma jovem moradora da Região Norte.
"Dorothy Stang" +jornal - chega-se a um texto jornalístico e não opinativo.
"Dorothy Stang" +análise - o mecanismo traz textos de especialistas que analisam o assassinato.
"Dorothy Stang" +trabalhadores - a busca leva à página do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, que descreve o caso criticando o governo.
Os melhores sites de busca Cada buscador tem seu cadastro de páginas. Nos últimos anos, o Google se tornou o mais popular por ter facilidades que tornam a busca muito interessante. Ele permite pesquisar apenas por imagens (
www.google.com.br/imghp) e em revistas acadêmicas (
http://scholar.google.com/). Os especialistas indicam também
http://www.aonde.com.br/,
http://www.gigabusca.com.br/,
http://www.achei.com.br/,
http://www.dogpile.com/ e
http://www.altavista.com/. Há sites que reúnem links para páginas seguras sobre cada assunto, como o
www.geocities.com/mssilva e o
www.prossiga.br/comoachar. Outra indicação útil é
www.yahoo.com.br/manual, que traz um guia com orientações práticas para pesquisa.
Plano de aula
Muitos tipos de bichos, em texto e fotografias
A professora Silvia Fichmann, da Escola do Futuro da Universidade de São Paulo, preparou uma seqüência didática para trabalhar os mecanismos de busca com alunos de 3ª e 4ª séries. O tema: animais.
Em uma discussão coletiva, leve a turma a sugerir aspectos a ser abordados sobre o assunto.Por exemplo, animais domésticos, pré-históricos, selvagens e em extinção.
Dividida a classe em grupos, cada um será responsável por buscar informações escritas e imagens sobre um dos tópicos. Nesse momento, explique aos alunos conceitos básicos da pesquisa na internet - como os mostrados nesta reportagem.
A pesquisa pode ser feita em casa ou no laboratório de informática. O importante é pedir que pelo menos três sites sejam visitados para que os estudantes façam comparações. Eles devem resumir as informações essenciais, escrever em um editor de texto, imprimir o trabalho e levá-lo para a classe.
Na etapa seguinte, reúna a turma e proponha a elaboração de um texto coletivo com os dados coletados. Para ilustrar o trabalho, eles usarão as fotos pesquisadas.
Para concluir a atividade, abra uma discussão lançando perguntas como: por que os homens acabam usando a força dos animais? A vida de um animal vale menos que a de um homem? Os homens já foram vítimas dos animais? O homem também é um animal? A pesquisa, explica Silvia, é só o começo de um trabalho que deve continuar com atividades, discussões e explicações.
Revista Nova Escola Online – Como fazer uma boa pesquisa na internet – Edição de abril de 2005, acessível em :
http://revistaescola.abril.com.br/edições/0181/aberto/mt_65407.shtml, visitado em15/08/2008.